Sunday, July 8, 2007

Sarkozy pronuncia-se sobre Darfur


Recentemente, numa conferência sobre Darfur , Sarkozy condenou fortemente a inactividade do mundo e apelou a um posicionamento forte em relação aos "beligerantes que se negam a sentar na mesa de negociações"




" O silêncio está a matar " afirma " a falta de decisões e a falta de acção é inaceitável "

Monday, July 2, 2007

Bashir volta a recuar




O Governo sudanês nega as alegações da permissão da entrada de uma força híbrida sob o comando das NU em Darfur. O Presidente al-Bashir insiste que a força seja maioritariamente constítuida por tropas africanas, sob o comando da União Africana.

Os mais optimistas acreditaram que as sanções impostas pelos E.U.A bem como a crescente pressão internacional tivessem levado á aceitação das tropas , mas mais uma vez não foram senão rumores diplomáticos.
Lam Akol


Esta intransigência e constantes jogos e recuos diplomáticos, já familiares, revelam a importância de sanções mais duras.

Para ler mais acerca destes acontecimentos recentes visitem :

Green Day por Darfur

Thursday, June 21, 2007


- Olá! Está aí alguém? Viemos para vos defender do Genocidío!

Wednesday, June 20, 2007

Junho em Darfur

O Artigo 6º esteve parado, devido ao final do ano lectivo e aproximação dos exames nacionais que oucuparam todo o nosso tempo .


Entretanto ocorreram acontecimentos importantes !


No início de Junho foi anunciado pela Administração Bush um aumento das sanções ao Sudão , bem demostrativo da crescente influência dos activistas. Mas não é suficiente , e nao acabarão por si só com o genocídio . Representam mais um passo, mas o caminho a precorrer é longo ainda .


Cerca de 15 dias volvidos chegam-nos notícias de que o Governo sudanês aceitou finalmente as tropas das NU no seu território. A história recente, todavia, mostra constantemente o governo voltou atrás nas suas promessas. Por isso não podemos tomar este anúncio como um sucesso até as tropas estarem no terreno .


Como podemos ver são muitos e importantes os avanços recentes . A verdade é que , ainda assim, o genocídio continua - e reitero a necessidade de uma maior consciencialização social para que se possa fazer a diferença

Comments :

"A vinda de mais tropas de capacetes azuis para o Darfur é uma obrigação...mas entretanto a limpeza etnica já se deu e ainda se está a dar..."

Jorge Gasalho

Wednesday, May 30, 2007

"Gritos Contra a Indiferença"




Fernando Nobre, fundador da AMI em Portugal, à qual ainda preside, este no passado dia 29 presente no Jornal 2, para a apresentação do seu recente trabalho : “Gritos Contra a indiferença”.
Nestes "Gritos contra a Indiferença", Fernando Nobre comunica-nos a sua visão do mundo, a sua revolta e a sua luta por um novo paradigma humano e societário.

"Como não me inquietar quando vejo a paz global tão ameaçada e os Direitos Humanos tão espezinhados? Como não interpelar quando assisto à degradação contínua do nosso planeta Terra e ao seu esgotamento, provocado por uma ganância louca, sem freio nem nexo?”
From: RTP


A entrevista foi, a meu ver, louvável.

Abordou um processo evolutivo do mundo nos últimos trinta anos e expôs porque o considera pior na actualidade. Dá ênfase ao facto de nunca no mundo se ter produzido tanto, e de, igualmente, nunca as desigualdades terem sido tão grandes.
Os problemas globais estão a ser ignorados, menosprezados, e, em alguns casos, erradamente abordados pela sociedade, e esse é o caminho que leva aos grandes confrontos.

As situações que brotam pelo globo não nos são alheias, não são um problema dos outros que a nós nada nos diz respeito ! É preciso admitir e reconhecer o nosso próprio passado para que se possa aceitar e mudar o presente !

Thursday, May 3, 2007

TRI : It is about taking action

" Everything we do is a bunch of smalls which make a big difference "

Uma campanha brilhante que demonstra quão facil é contribuir e como a cooperação consegue que o mais insignificante gesto individual faça a diferença.




" How much money would you raise to change the world ? "

Comments :


"Um Blog bem estruturado e bem necessário na Blogosfera.

Vamos em frente"

Ludovicus Rex

" Todos nós mudamos o mundo à nossa maneira. Desde o activista até ao funcionário publico são os nossos valores e atitudes que ajudam/dificultam o processo de mudança. O respeito pela nossa diferença/forma de actuar no mundo deve ser encarada. Embora concorde com acções como a descrita neste post julgo que existem formas mais eficientes e eficazes para mudar o mundo que não passe por pedidos de donativos, por exemplo através da mobilização da sociedade (o que inclui empresas e cidadãos) em acções concretas (manifestações, grupos de pressão...) "

Jõao Almeida

" As campanhas e donativos são importantes e, neste ponto, toda a iniciativa é de salutar. No entanto, concordo plenamente com o que disse, a mudança jamais se poderá efectuar a não ser pela consciencialização e criação de uma mentalidade destituida do egoísta complexo de superioridade racial e da indiferença . Esta mudança deve partir de cada um individualmente e dos valores que encarnamos, para que se consagre una e mais abrangente, e então se possam levar a cabo acções concretas consistentes e eficazes. Esse primeiro passo, a consciencialização individual urge, "because a bunch of smalls... make a big difference"

Carmina C.P.

"de todo o comentario anterior a única coisa que faz sentido é a frase...because a bunch of smalls...make a big difference...o resto é demasiado livresco..sorry!!!"

Anónimo

"Será que,hoje em dia temos tempo para pensar nos outros? As noticías que nos chegam através dos meios de comunicação não serão de tal modo feias, sérias e graves que nos dão vontade de deixar de ver o que acontece no mundo? Por quanto mais tempo irão os dramas fazer história? Parece que o Hitler e seus afins nem eram dos piores..."

Anónimo

"Se os jovens de hoje se preocupam com as tragédias do mundo, se falam em genocídios,holocausto, etc, então surge uma nova esperança para o futuro...Ou não???"

Anónimo

"Penso que tudo seja válido, até "apenas" as boas intenções, pois acredito que o pensamento positivo também ajuda.... Tudo é importante, o dinheiro, a boa vontade, o voluntariado, publicidades, e acima de tudo o respeito pelo próximo, respeitar e aceitar as diferenças seja nacionalidade, religião, o que for , já é um grande passo."

Lusófona

" João Ameida alerta para a eficácia e a eficiência das forma de actuação. Está correcto: por vezes, o excessivo voluntarismo inconsequente conduz ao desânimo. Devemos acreditar que podemos mudar o mundo, sabendo que a utopia não está aí, ao virar a esquina. A persistência é fundamental e, mesmo o que parece retrocesso - os holocaustos hodiernos -, não são mais que a confirmação cruel da única certeza que podemos ter: a nossa animalidade. Só existe um caminho consistente para combater a barbárie: democracia e boa governança. "

Pedro Dias

Sunday, April 29, 2007

Quatro anos de Genocídio no Sudão



A comunidade internacional tem a responsabilidade de proteger as pessoas em Darfur. Mas após quatro anos a destruição e perdas humanas continuam sem cessar.



Esta data foi hoje celebrada com um "Dia por Darfur" marcado com protestos por todo o mundo.





A campanha Globe For Darfur: milhares de vozes em uníssono passam uma mensagem clara : Acabou o Tempo ! Protejam Darfur . Sem mais desculpas, sem mais delongas, sem mais promessas vazias .


Junte-se a esta causa





Friday, April 27, 2007


No passado dia 16 o massacre na Virgínia chocou o mundo e atingiu em cheio o coração do mundo capitalista. Uma situação inconcebível.
A vida das 32 vítimas foi analisada a e exposta publicamente e desencadearam-se diversos estudos em torno do criminoso e os factores que o impulsionaram a agir.
Não consigo conter alguma perplexidade. O mundo Ocidental pára perante o homicídio de 32 pessoas na América, contudo ninguém se preocupa que desde 2003 tenham perecido muitos milhares no Sudão e que a mortandade não cesse por um só dia. Ninguém se preoucupa que aqueles que sobrevivem o façam no limite da condição humana, onde a linha entre a vida e a morte é ténue, sem as mínimas condições, onde a água escasseia e proliferam a fome, a doença e a morte. Este é um de muitos exemplos que acontecem actualmente e poderiam ser referidos.

O sucedido em Virgínia foi uma tragédia decerto, e não tento induzir a que esta seja menosprezada. Mas é maior a desgraça quando morrem 30 pessoas na América do que centenas de milhares em África ?
A violação generalizada dos Direitos Humanos que decorre em Darfur, e em tantos outros pontos do globo, que é um ultraje ao que a sociedade ocidental representa e que culmina num sofrimento humano inimaginável é condecorada apenas com a indiferença e ignorância das sociedades ocidentais.

Vale mais a vida de 32 na Virgínia do que as milhares que se perdem no Sudão ?
Comments :
Podemos pensar também noutros países Africanos, onde a dizimação da população só é contrariada pela natalidade incontrolada; quantas crianças Angolanas terão sido raptadas, abusadas e mortas? Incomoda-nos pensar nisso. Mas não ficamos a pensar nisso. São crianças sem rosto. São actuais adultos de 40 anos que, desde os 4 ou 5 tiveram que andar com uma arma maior do que eles nas mãos e aprender a matar para não morrer.No entanto, ficamos todos muito preocupados - sem desdenhar dessa preocupação que também partilho - pela pequena Madeleine, desaparecida no nosso Algarve. Incomoda-nos muito mais porque conseguimos pôr-nos na pele daqueles pais e daquela menina, todos branquinhos, loirinhos e de olhos redondinhos. Os outros são "só uma cambada de pretos".
Anónimo
"Concordo plenamente com o seu comentário, anónimo. Enquanto que morreram (e morrem) crianças de outras etnias em diferentes continetes aos "montes", uma criança inglesa é raptada e já o mundo todo sabe. sem duvida que é tragico, e desejo de todo o coração que a madeleine seja encontrada sã e salva, que os raptores sejam punidos com severidade. mas tal como o anónimo diz, morrem crianças sem rosto. Temos o exemplo de genocidios de hoje em dia, nem precisamos de retroceder 40 ou 50 anos. Vejamos o Darfur, muito debatido aqui no artigo6. As pessoas preocupam-se, dizem que é uma vergonha, queixam-se do o mundo estar assim e assado, morrem crianças sem terem culpa...mas falam, falam, falam, e eu não os vejo a fazer nada(para compreender melhor esta expressão neste contexto, ver o filme quatro posts antes, por no post dos coelhos). Onde está a compaixão destas pessoas para as crianças que morrem nestes genocidios? Não serão crianças como a madeleiene? Não, porque não são ingleses...e se fosse um português, também não se prestaria tanta atenção...e aí é que eu fico frustrado, de o nosso país não ser o "mesmo" que a Inglaterra...Em nome de toda a equipa do artigo6, agradecemos o seu comentário. "
Jorge Gasalho

Tuesday, April 24, 2007

A UE torna a negação do Holocausto um delito em todo o espaço europeu


A União Europeia acordou tornar o racismo e a negação do Holocausto um delito em todo o espaço europeu, mas os Estados-membros apenas poderão aplicar sanções penais em casos muito específicos.
Após cinco anos de discussões, os ministros da Justiça dos 27, finalizaram um texto que prevê sanções comuns mínimas para lutar contra o racismo e a xenofobia.Ao abrigo do acordo alcançado, cada um dos países deverá penalizar, com um a três anos de prisão, a “incitação pública à violência ou ao ódio contra um grupo de pessoas, ou membros desse grupo, definido segundo a raça, cor, religião, ascendência, origem nacional ou étnica”.
As leis nacionais deverão prever sanções semelhantes para a “apologia pública, a negação ou a banalização grosseira dos crimes de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra”, tal como são definidos nos estatutos do tribunal Penal Internacional.
Apesar de não estar explicitamente mencionado no texto do acordo, a negação do Holocausto judeu deverá também ser punida, à semelhança do que já acontece em vários países europeus (Áustria, Alemanha, França, Bélgica, Polónia e Roménia), alguns dos quais prevêem penas mais severas.
No entanto, o Reino Unido, Irlanda e países escandinavos – que temem que a nova legislação seja vista como um atentado à liberdade de expressão – colocaram como condição para aceitarem o acordo que o “negacionismo” só seja punido “se for exercido de maneira que possa incitar à violência ou ao ódio contra um grupo de pessoas”.
Comments:
" A preocupação destes países quanto a este tipo de legislação faz bastante sentido: afinal, os represantes da União Europeia, têm os seus principíos assentes na liberdade de expressão. Ao sancionar a incitação pública a ideais racistas ou Nazi-fascistas, poderá ser considerado um atentado á liberdade de expressão. É evidente que estas ideias nunca devem ter, desde logo, incentivo a á sua divulgação, mas a liberdade de expressão é para todos, não apenas para quem defende ideais democráticos...mas o disposto no artigo 46º da nossa própria Constituição, não permite organizações, ou associações de cariz racista ou fascista. Tudo bem, sanções comunitárias concordantes com a própria Constituição.Mas quanto á negação do Holocausto, penso que tais ideas não deveriam ser sancionadas, quando divulgadas. afinal, é uma teoria como qualquer outra, claro que transmite uma ideia muito pouco certa para a Humanidade e deve ser rejeitada. contudo, quem as prega, deve ter liberdade para o fazer, pois todos são livres de pensamento e expressão, independentemente do que afirmem. Devem-se "abrir os olhos" a essas pessoas, não sanciona-las. Dar liberdade de expressão a essas ideias, para mostrarmos á comunidade que são erradas. Dá-las a conhecer, para que não volte a acontecer tal barbariddade, e para que não haja contradições num Estado de Direito que defende a liberdade de expressão. "
Jorge Gasalho

" A propósito do artigo sobre a questão do racismo e da xenofobia, existe uma preocupação crescente que se prende com o alastramento desses ideais por toda a Europa, sob a capa da necessidade do aumento da autoridade, da moral e do respeito.Vejam-se os casos da Polónia, governada por dois irmãos utra-nacionalistas, numa caça às bruxas, dos antigos colaboradores do antigo regime comunista e nas leis da moral católica, da Áustria, há uns atrás com o governo conservador de extrema direita, da Alemanha há cerca de um ano, ainda que de cariz diferente, do aparecimento do nacionalista com posições anti-imigração, entretanto assassinado, Pim Fortuyn, na Holanda, mas em especial, no último fim de semana com a eleição de Nicolas Sarkozy.Sarkozy durante a campanha para a 2ª volta, para a Presidência da França, diversas vezes abordou o tema que é muito cara a uma certa direita francesa que cada vez mais encontra nas minorias e nos imigrantes, de um modo geral, a fonte de todos os males.Em França já tinhamos o Le Pen, mas Sarkozy acabou, de mansinho, por aglutinar todos esses ideais de extrema direita, ancapotados numa linguagem que dá proeminência à autoridade, à moral do Ocidente e ao proteccionismo nacional.Mas não nos podemos esquecer que a França, assim como a Alemanha,é um dos pilares da democracia e da própria União Europeia.E nesse sentido vejo com muita preocupação o caminho que a Europa está a trilhar."
António Martinho
" É mais que verdade o que o António Martinho disse..eu também sou adepto da autoridade, respeito e moral, mas tais principios não devem ser confundidos com repressão, proteccionismo, pelo menos na Europa. Vivemos hoje em dia na União Europeia, é necessário que esses ideais sejam mantidos, mas considero absurdo travar os movimentos imigrantes, dado que estamos numa União Económica e Monetária. Eles não são, o maleficío de tudo, e no caso de Portugal, chegam mesmo a ocupar os empregos que os portugueses não querem...acho bem que o Sr. Sarkozy defenda os interesses da França, mas deve ter em atenção o contexto onde ela está. Agora, salientando os regimes da Polonia e da Austria, considero que em tais condições, estes países se encontrem algo de desfazados nas suas democracias, nomeadamente o primeiro..."
Jorge Gasalho

Monday, April 23, 2007

Darfur em discurso político

Na versão on-line do NY Times foi publicada dia 19 de Abril um artigo acerca do discurso proferido pelo Presidente Bush no dia anterior no Museu Memorial do Holocausto, no qual abordou o genocídio em Darfur. Sim ! Finalmente há ameaças de sanções ao Sudão. Contudo ele não tomou quaisquer medidas reais, e vergou sob a pressão do Secretário Geral das NU Ban Ki-Moon, que pediu ainda mais tempo antes que tais medidas fossem efectivamente tomadas.
("My position is that when the moment of truth comes and we know that they (Sudan) will not be faithful in implementing this commitment, then I will leave it to Security Council members to take the necessary measures against Sudan" Ban Ki-Moon)


Até agora a questão em Darfur raramente teve destaque nos discursos políticos daqueles que detém o poder, mas não chega mencioná-lo. A mortandade continua e é necessário que sejam tomadas não ameaças mas medidas reais, sem mais delongas, porque o tempo escasseia e dentro em breve poderá ser tarde demais

Intervenção Internacional aceite no Sudão


Segundo o ministro sudanês Lam Akol, vais ser permitida a intervenção de mais de 3.000 homens das NU em Darfur. A mudança de conduta poderá advir de meses de pressão internacional ( muito discutível ) e não há ainda confirmação das NU. Todavia não devemos tomá-lo por seguro, uma vez que há alguns meses Bashir permitiu a entrada de tropas internacionais e mais tarde revogou essa decisão.

Seria da maior importância a entrada destas tropas para a protecção dos civis, porque a violência continua:
“É a maior concentração de sofrimento humano no mundo e uma ofensa que afronta os valores morais do mundo” afirma Penny Lawrence, director internacional da Oxfam após uma visita ao local.

Friday, April 20, 2007



Vejam este VIDEO !

Nunca mais as pessoas serão tão ignorantes...nunca mais a ONU ficará impotente...nunca mais os E.U.A terão falta de compaixão...Nunca mais um Governo será tão cruel...Nunca mais morrerão pessoas com o MUNDO INDIFERENTE. Mas não... Nunca mais, por favor

Comments :

"Será? quantos videos já não foram vistos, revistos, com humor, sem ele, assim e assado...tudo parece não querer mudar!"

Zeza

Wednesday, April 18, 2007

Yom HaShoah


No passado dia 15 de Abril celebrou-se o Yom HaShoah – Holocaust Rememberance Day.


A memória do passado e a acção futura devem estar intrinsecamente relacionadas. Os que advogam por Darfur devem dedicar, esta semana, um momento à recordação daquele que foi o mais letal e sistematizado dos genocídios. E enquanto recordarmos a barbárie devemos ter presente o facto de que este memorial não estará completo enquanto permitirmos que o crime de genocídio continue a decorrer sem protesto.
Comments:
"Bello, complimenti"
Paolo Rossi

Thursday, April 12, 2007

Mudanças na China ?

A BBC publicou recentemente um artigo em que destaca alguns pequenos sinais demonstrativos da ténue mudança da atitude da China em relação a Darfur nos últimos meses.
A China compra mais de 60% do petróleo do Sudão, investe milhões na construção de estradas e pontes locais, e vende ainda equipamento militar. Apesar da descrição vaga das acções da China afirma que esta tem começado a exercer alguma pressão sobre Al-Bashir para acabar com a violência encorajando-o a aceitar uma força híbrida das N.U. e União Africana para proteger os civis. Bashir recusou a entrada de tais forças no Sudão. Pela importante relação económica que mantém com o Sudão, a China pode pressionar o governo de Khartoum a por fim ao genocídio. Contudo poderia igualmente continuar a ignorar a violência em Darfur, como tem feito, de forma a não por em perigo a sua importante aliança económica.

Todo o artigo tem um tom optimista, face á possibilidade de mudança, não obstante alerta para o facto de essa estreita aliança com Pequim possibilitar que o Sudão ignore por completo o que o mundo Ocidental tem a dizer sobre o conflito em Darfur.

13º Aniversário do Genocídio no Ruanda


No passado dia 9 de Abril marca-se o 13º aniversário do inicio do genocídio no Ruanda. As Nações Unidas celebram-no em duas formas pouco nobres.


O secretário geral Ban Ki Moon proferiu um discurso no qual apresentou os seus argumentos apelando a uma "parceria global contra o genocídio", anunciando que o cargo de Conselheiro para a Prevenção do Genocídio das NU vai ser agora a tempo inteiro, e que o Comité para a Prevenção do Genocídio vai ser melhorado. Pela instituição Voices on Genocide é destacado que não há qualquer referência a prevenção do genocídio em alguma parte do mundo especificamente e principalmente nenhuma referência á situação em Darfur. É um alerta para a necessidade de fazer muito mais.

Para além disso as NU planearam uma exposição comemorativa. Contudo a Turquia levantou objeções a um texto exibido no qual a acusavam do assasínio de 1milhão de Arménios (para ser historicamente preciso o extremínio ocorreu no Império Otomano).


Os altos emissários das NU dedicam mais tempo a relembrar e alertar para os fracassos do passado do que propriamente a prevenir situações futuras. Ban Ki Moon não referiu Darfur ou o que as NU estão a fazer para prevenir esse genocídio. Talvez consider da alçada das NU apenas a prevenção do genocídio... Como é que aqueles que detém o poder - pelo menos simbólico - das NU podem ignorar o sofrimento da população de Darfur tão expostamente, numa mensagem como esta. Para que as NU possam efectivamente prevenir o genocídio é necessário que os seus membros quebrem as barreiras formais e burocráticas que os prendem e levem governis, individuais ou organizações á Justiça pelo crime de genocídio (ou limpeza étnica, ou crimes contra a humanidade, o que for mais correcto)
Comments :
" O presente e o passado de África cruza-se com a história da Velha Europa. Os conflitos aí existentes são, em muito, resultado de anos de descolonização, que não permitiram às populações africanas desenvolverem-se com independência e permitiram às potências europeias enriquecer com mão-de obra e matérias-primas a preços muito convenientes.Além disto a partlha de África feita pelos europeus não respeitou as fronteiras étnicas provocando os actuais conflitos.Por estas razões a Europa herdou a "obrigação" de ajudar a sanar estes conflitos já que, em parte os provocou.
O QUE TEM FEITO??? "
Anónimo

Sunday, March 18, 2007

A Lei Internacional e o Genocídio



Sobre uma temática extremamente pertinente no âmbito deste blog The International Herald Tribune apresentou um artigo dia 6 acerca da Lei Internacional e o ponto até ao qual esta tem poder para prevenir e punir o genocídio.
Referindo o documento primordial do assunto, a Convenção para Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio de 1948, o artigo realça que passaram quase 60 anos desde que este foi introduzido e, no entanto, vários genocídios se lhe seguiram e continuam ainda actualmente a acontecer. E porquê ?

Essencialmente, o argumento evoca toda retórica de como prevenir o genocídio e os seus horrores surgida desde que vigora a Convenção e se estabeleceu o TPI, apesar de em 2002 questionamo-nos como é foi permitido que o genocídio acontecesse de novo. O autor demonstra que as acções movidas em nome destas instituições não foram suficientes para punir nem prevenir o genocídio, nomeando-as de “frustrantemente inadequadas”.
Sou obrigada a admitir que nesse ponto concordo com o autor. Até que sejam incumbidas de um maior peso de responsabilidade as decisões tomadas pelo tribunal e até que medidas imediatas e eficazes possam ser tomadas assim que haja indícios do surgimento de um novo genocídio, os criminosos que no mundo detêm poder suficiente para desencadear campanhas genocidas jamais tomarão com seriedade as ameaças da Justiça ser, efectivamente, feita sobre eles ou de serem intimados perante o TPI.

É sintomático, a meu ver, que os EUA sejam signatários e não tenham, contudo, ratificado o Estatuto de Roma ( documento que estabeleceu o Tribunal ).
Se a mais poderosa democracia do mundo, com mais meios de actuação, não compactua plenamente com uma tão importante instituição no que concerne à prevenção do genocídio, porque devem os demais faze-lo ?

Wednesday, March 7, 2007

Limpeza étnica nos Himalaias



O nome Butão faz lembrar um pequeno paraíso perdido nos confins da Índia e da china. Trata-se, no entanto, de um reino despótico, rígido e sectário. A prova: as minorias são mantidas aparte em campos.


Como todos os reinos prepotentes o do Butão sempre foi extremamente hostil a qualquer forma de diferença de divergência e de diversidade. Neste minúsculo reino Himalaia está estabelecida há 30 anos uma monarquia absoluta. Há 16 que exilam todos os Lhotshampas (butaneses de origem nepalesa) .


São raras as pessoas, mesmo no sudeste asiático, que sabem que o Butão – proporcionalmente – é o pais do mundo que expulsou mais população nacional. Esta limpeza, embora pouco estudada, processou-se em tão grande escala que ninguém sabe o número dos Lhotshampas que foram torturados, mutilados, assassinados e expulsos pelo regime. O regime controla ferozmente a imprensa nacional e o Rei Jigme Singye Wangchuk é o segundo violador massivo dos direitos humanos no sudeste Asiático que não é sequer referenciado nas notícias.


Para já propõe-se reinstalar progressivamente os refugiados. Ora este tipo de medida não tem possibilidade de sucesso e pode até ser contraproducente, pela simples razão de se tratar os sintomas ao invés de atacar a causa da crise no seu conjunto: o fanatismo da monarquia Butanesa, e o facto de esta ser um dos bastiões do purismo racial no mundo.



Nos mais dispares recantos do mundo brotam situações como a apresentada, muitas vezes desconhecidas e pior: ignoradas. Para uma sociedade que adopta como baluarte a Declaração Universal dos Direitos do Homem, longa vai a lista de situações que tolerou impavidamente, e ao que parece a História não lhe serve de exemplo já que não demonstra sinais de qualquer tipo de actuação eficiente no âmbito de prevenir e erradicar violações dos mais básicos direitos do Homem.


O número de casos de genocídio e crimes contra a humanidade estabelece uma relação inversa com a credibilidade nas entidades responsáveis fundadas e a esperança de mudança – que diminuem progressivamente.

Comments

Ninguêm repara neste tipo de genocidios...o Butão é um país que passa despercebido, naquele mundo asiático, a não ser pela sua pobreza...o genocidio por si só, uma limpeza etnica, o ódio, pode ter raízes culturais, históricas, religiosas entre as raças ou nacionalidades opostas...mas acho mais que absurdo esta monarquia "limpar" sujeitos da mesma nacionalidade("o Butão...é o pais do mundo que expulsou mais população nacional").nem na na propria raça são tolerantes, porquê afinal?é só a natureza humana?

Jorge Gasalho

Saturday, March 3, 2007

Uma Nova Esperança para Darfur ?


Entre os vastos bancos de areia, no leito seco de um rio em Darfur, mais de 100 comandantes das forças rebeldes e chefes tribais juntaram-se na esperança de um ponto de viragem definitivo no desastre humanitário de Darfur: a possibilidade de um acordo de unificação entre as diferentes facções rebeldes – um passo para futuras e mais bem sucedidas conversações de paz com o governo.

O Governo Sudanês fez tudo o que esteve ao seu alcance para desencorajar que a conferência de unificação se realizasse efectivamente: bombardeou os anteriores lugares em que supostamente se teriam encontrado os líderes rebeldes e fez abordagens directas a alguns deles para os destituir da ideia da unificação ou da comparência na reunião.
Mas os rebeldes das várias facções do Exercito para Libertação Sudanesa, garantem que nada poderá dissuadi-los das suas intenções desta vez.

Acampados em localização desconhecida, perto de um local chamado Wadi Anka, enquanto esperam que a conferência formal se inicie esta semana, os líderes rebeldes estão determinados a unificar-se com os seus rivais políticos e militares, num primeiro passo para novas conversações de paz com o governo.

“ Já fizemos tentativas semelhantes anteriormente, mas esta é a primeira em que estamos realmente empenhados em relação a isto” afirma Saleh Adam Itzahk, um ancião, líder rebelde da zona nordeste das montanhas Jebbel Midob em Darfur, a vasta região árida do Sudão.

“ A guerra arrasta-se devido á desunião rebelde.” Acrescenta “ E fomos enganados quanto aos nossos direitos em relação á unificação demasiadas vezes”

A conferência do Exército para a Libertação Sudanesa (ELS) tem como primordial objectivo evitar outro fracasso semelhante ao do tratado de paz assinado Maio passado em Abuja, Nigéria, pelo governo Sudanês e um dos líderes rebeldes – sob tremenda pressão internacional.

O incontestável líder máximo dos rebeldes, Abdelwahid Elnur, recusou esse tratado de Maio. Apesar de muitos no ELS contestarem actualmente a sua autoridade, a grande maioria dos rebeldes e civis rejeitaram igualmente o tratado de paz. Alegaram que este garantia compensações insuficientes para os refugiados e alertava ainda para o facto de não oferecer qualquer garantia real de que o governo sudanês iria controlar e desarmar as milícias janjaweed quando os rebeldes depusessem armas.
Em parte por causa disso o caos e violência só pioraram em Darfur nos tempos recentes, com novos ataques do governo e das milícias Janjaweed aos rebeldes, e grupos de ajuda humanitária progressivamente menos capazes de ajudar os refugiados.
Jar al-Naby, porta voz do ELS e comandante dos rebeldes no campo de batalha, defende que os rebeldes não tem mais confiança na União Africana, que violou os acordos de Abuja.

Relativamente aos 7.000 homens das forças para a manutenção da paz das NU em Darfur, mostraram-se incapazes de trazer consistência e fazer cumprir o acordo, e cada vez mais são ineficientes no cumprimento das suas tarefas devido ás mas condições, as insuficiências endógenas latentes e ao clima crescente de insegurança e violência que se agrava e perante o qual são impotentes.
Contudo, o Governo em Khartoum rejeitou a resolução do Conselho de Segurança das NU de substitui-los por 22.000 .
“Queremos que as NU actuem como mediador e que as suas tropas venham para o terreno” afirma Al-Naby
O chefe rebelde que assinou previamente o acordo de Maio, Minni Minawi é “scorned” aqui “ A comunidade internacional deve reconhecer que representamos a esmagadora maioria de Darfur” acrescenta Al-Naby

Os peritos asseguram que o Governo Sudanês armou e organizou os Janjaweed: mas actualmente põe-se a hipótese de estar a perder o controlo da situação devido a lutas internas entre os membros das milícias: centenas de nómadas morreram nas lutas internas afirmam as NU.

Os líderes do ELS reforçam que, desta vez, o Governo não tem outra hipótese senão renegociar os tratados de paz.

O tempo escasseia.
Perante a inércia das NU serão estes dois factores – unificação dos rebeldes e disputas internas nas milícias janjawed – o renascimento da esperança para Darfur ?

Indiferença


"Indiference, then, is not only a sin, it's a punishment"
Elie Weisel

Friday, March 2, 2007

Porque é que as pessoas participaram, autorizaram e tacitamente aceitaram o genocídio ?

O Holocausto é o fenómeno histórico do Nazismo, que se tornou o símbolo negro do séc. XX, foi objecto de numerosos estudos históricos, psicológicos, sociológicos, literários e filosóficos. Todo o tipo de estudiosos tentaram dar uma resposta para o que parece ser o acto mais irracional do mundo ocidental. E várias possibilidades “explicam” o porquê de tamanha barbaridade, que ficou conhecida por Holocausto.
Hoje em dia, os genocidos têm, na maioria das vezes, outro tipo de causas, desde a questão do petróleo, questões territoriais, religiosas e passados já antigos de guerras entre as etnias em questão, mas certamente se poderão fazer comparações e tirar conclusões. Deixo então ao leitor que tire as suas elações, se poderá haver outros Holocaustos, e que semelhanças ou bases este que ocorreu terá com os de hoje.

Obediência

Stanley Milgramfoi um psicólogo e sociólogo que tentou procurar respostas que explicassem porque é que houve pessoas que obedeceram ás ordens imorais e desumanas do Holocausto. Os estudos de Milgram apontam que pessoas razoáveis, quando estando ás ordens de alguém em posição de autoridade, por questão de obediência, fazem o que lhes é mandado (opinião esta reforçada pelo próprio carácter de autoridade do nazismo). No seu livro “Mass Psychology of Fascism” (1933),Wilhelm Reich também tentou explicar a questão da obediência. O trabalho tornou-se a fundação do Freudo-Marxismo. O vencedor do Nobel Elias Canetti também explica o problema da obediência em massa na sua obra “Masse und Macht”, em 1960, desenvolvendo uma teoria original das consequências dos comandantes e da pessoa que obedece, podendo tudo isto tornar-se numa paranóia despótica.
Resumindo, a questão da obediência pode ter a ver com a manipulação de quem emitia as ordens, e o efeito destas na psicologia de quem as recebia, sendo estes, até certo ponto, manipulados. Tal como diz Jane Elliot: como puderam as pessoas fazer parte de algo tão terrível, quando não estiveram na realidade, psicologicamente envolvidas?

Mecanismos Psicológicos

O Holocausto é um claro exemplo de dois tipos de factores psicológicos. Um é descrito pela teoria da “boiling frog”, que diz que uma enorme mudança psicológica (a ponto de imaginar que o Holocausto é uma ideia razoável) não é notada se ocorrer gradualmente. Outro factor é a questão da influência de massas, onde os indivíduos seguem o que as multidões se dispõem a fazer, no geral para não serem apontadas e para participarem nelas, em linguagem popular, é o estilo “Maria vai com as outras”. Este mecanismo tem evoluído através da selecção natural para que os grupos humanos sobrevivam. Juntos, estes factores fazem com que a adaptação no grupo seja um impulso mais forte do que propriamente rompê-lo, mesmo que o indivíduo discorde do que o grupo faz. De facto, houve participantes do Holocausto que sentiram horror ou desgosto naquilo que eram obrigados a fazer, mas ficaram sempre na linha do grupo, escondendo estes pensamentos.
Outras teorias, incluindo as socioeconómicas, podem também ajudar a explicar o porquê da barbárie do Holocausto.
Sabendo que a Alemanha tinha perdido e sido humilhada na Primeira Guerra Mundial, a ruína e insucesso da Republica de Weimer, o facto de ter sido obrigada a pagar as reparações de guerra e da Grande Depressão, era natural que os alemães se sentissem frustrados e culpassem ou usassem alguém para “descarregar” a sua raiva, amplificando esta para as consequências brutais do Holocausto.

Funcionalismo versus Intencionalismo

Um tema frequente nos estudos contemporâneos sobre o Holocausto é a questão de funcionalismo versus intencionalismo. Os intencionalistas acham que o Holocausto foi planeado por Hitler desde o início. Funcionalistas defendem que o Holocausto foi iniciado em 1942 como resultado do falhanço da política nazi de deportação e das iminentes perdas militares na Rússia. Estes dizem que as fantasias de extermínio delineadas por Hitler em Mein Kampf e outra literatura nazi eram mera propaganda e não constituíam planos concretos (curiosamente esta foi também a estratégia da argumentação da defesa dos Nazis perante os Julgamentos de Nuremberga
).
Outra controvérsia relacionada foi iniciada recentemente pelo historiador Daniel Goldhagen , que argumenta que os alemães em geral sabiam e participaram com convicção no Holocausto, que ele acha que teve as suas raízes num anti-semitismo alemão profundamente enraizado. Goldhagen vê na Igreja cristã uma origem desse anti-semitismo. No seu livro "A Igreja Católica e o Holocausto – uma análise sobre culpa e expiação", Goldhagen reflecte sobre passagens do Novo Testamento claramente anti-semitas. Numa conferência que fez em Munique em 2003, Goldhagen colocou a seguinte questão: se em vez de frases como "pelos seus pecados os judeus têm de ser punidos", ou "os judeus desagradam a Deus e são inimigos de todos os homens" São Paulo tivesse escrito no Novo Testamento semelhantes frases sobre outro grupo qualquer, os negros por exemplo, será que não se poderia dizer que o Novo Testamento é racista ? Outros afirmam que sendo o anti-semitismo inegável na Alemanha, o extermínio foi desconhecido a muitos e teve de ser posto em prática pelo aparelho ditatorial nazi.
Goldhagen explora também o facto de milhões de alemães terem participado nas atrocidades da Guerra, afirmando depois da guerra, se acusados (o que raramente aconteceu), que eles tinham de seguir ordens para evitar represálias.
No entanto, houve alguns casos de alemães que recusaram participar nas matanças maciças e outros crimes e que não foram punidos em forma nenhuma pelos nazis. Alemães casados com judeus que optaram por se manter com o seu companheiro, não foram castigados e suas esposas judias sobreviveram.

Ódio Religioso

Os alemães consideraram que como objectivo ultrapassar a compaixão natural e executar ordens que eles consideravam ser ideais superiores. Muita pesquisa têm sido feita para se explicar como é que pessoas normais puderam ter participado em crimes hediondos, mas sem dúvida que, como em alguns conflitos religiosos no passado, algumas pessoas fixaram ideologias de ódio religioso (um exemplo é a Guerra Santa) e de racismo, cometendo assim certos crimes com algum deleite sádico. Em qualquer genocídio ocorrem estes tipos de actos, nomeadamente a “Solução Final".
Claro que a questão mais debatida e considerada mais certa é o próprio racismo puro que os nazis tinham. Convencidos que pertenciam uma raça superior, consideraram que deveriam dominar o Mundo, submetendo as demais raças “inferiores” ou até eliminando-as. Estando convictos disto, aceitaram ideais como estes correctos, como forma até de exacerbar o seu nacionalismo e totalitarismo.
Martinho Lutero (líder Alemão da Reforma Protestante) apelou a uma rígida perseguição ao povo Judaico, incluindo que as suas sinagogas e escolas fossem incendiadas, os seus livros religiosos destruídos, as suas casas demolidas, e sua propriedade e dinheiro confiscados. Lutero afirmou que os Judeus deveriam ser tratados sem compaixão ou piedade, não deveriam ter protecção legal e que deveriam ser enviados para campos de trabalho forçado ou dizimados para sempre. Pode-se dizer que existe uma certa descendência anti-semita. De facto, Hitler, no seu livro Mein Kampf escreve a sua admiração por Lutero e seus ideais de ódio religioso.
Finalmente, muitos repararam em antigas raízes do anti-semitismo, que têm estado presentes no Mundo desde o início da fundação do Cristianismo. Estes sentimentos não foram diferentes na Alemanha antes da Guerra, mais fortes até que em qualquer sitio, mas os Nazis foram os primeiros a fazer a primeira politica para organizar, promulgar e oficializar o anti-semitismo, e até a proibir a protecção de Judeus.


Comments :

" O Holocausato foi uma vergonha para a Humanidade. No entanto não estamos tão longe dessa realidade quanto desejaríamos.Veja-se o recrudescimentos dos movimentos nacionalistas, os crimes dos skinheads e a expulsão de imigrantes a coberto da própria legislação. Afinal, a História volta a repetir-se. Será que nunca aprendemos? "

Carolina Pimentel

Sem duvida acerca do que disse, afinal o genocidio maior de toda a História decorreu de uma maneira semelhante, envolto de nacionalismos, expulsão de imigrantes e crises, ou recessões economicas. De facto, o mesmo está a acontecer, e a História não nos ensinou, como já nos foi provado, nas duas Guerras Mundiais. Mas, não nos devemos cingir a perguntas retóricas, devemos agir, para evitar que erros como os cometidos naquele passado não voltem a acontecer...elucidar as pessoas acerca de tais quetões. O problema é essas pessoas compreenderem e aceitarem...ou simplesmente quererem saber...

Jorge Gasalho

Thursday, March 1, 2007

Eric Reeves pronuncia-se sobre o TPI


By : Eric Reeves


O papel desempenhado pelo TPI – e a sua capacidade de resposta à catástrofe em Darfur tem sido exacerbada desde o início.

Quando a implementação da resolução do Conselho de Segurança das NU estava em dúvida, a Humans Rights Watch pronunciou-se de um modo extremamente descabido acerca do “efeito dissuasor” de uma intervenção do TPI. Mais honestamente e, sem dúvida, mais pertinente em retrospecção, a Refugees International alertou, na altura, para o facto da intervenção do TPI poder eventualmente aumentar as tensões na região, e acarretar ameaças maiores para os que então se encontravam no terreno a trabalhar com a ajuda humanitária. Não existe, obviamente, evidência alguma para defender a “tese da dissuasão” da Humans Rights Watch, ainda que seja deveras considerável a prova da deterioração dramática na segurança das operações de ajuda humanitária levadas a cabo em Darfur ao longo do ano e meio passados.

(…)
Não se sabe ao certo o que fazer perante este constante argumento do efeito dissuasor das acções do TPI, sendo o usado dia 27, pelo Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados Louise Arbour exemplo disso.


“ A comissária para os Direitos Humanos das N. Unidas Louise Arbour, cuja equipa acusou Khartoum de fracassos sistemáticos na protecção de civis e levar os responsáveis perante a Justiça, afirma que teve esperança que a acção [do TPI] fosse um “forte dissuasor” de maior derramamento de sangue”
The Hague, 27 de Fevereiro de 2007

Será isto totalmente desprovido qualquer sentido lógico e racional ou hipocrisia sem qualquer laivo de honestidade ?


Como é já comum nas declarações das NU sobre Darfur, é impossível distinguir e separa-las.

Tribunal Penal Internacional acusa ex-secretário de Estado e líder Janjaweed


From : Tribunal Penal Internacional


Dia 27 de Fevereiro, passada terça-feira, o Procurador Geral do Tribunal Penal Internacional revela as evidências em que baseia as acusações de Ahmad Muhammad Harun, ex-secretário de Estado do Interior do Sudão, e Ali Kushayb, líder da milícia janjaweed, por crime de genocídio contra os civis de Darfur.


As provas foram recolhidas durante os passados vinte meses, e a acusação conclui que existem evidências suficientes, neste ponto, para afirmar que Ahmad Muhammad Harun e Ali Kushayb detém responsabilidade criminal nos 51 alegados crimes contra a humanidade e crimes de guerra contabilizados.
As evidências demonstram ainda que actuaram juntos, e com outros, no intento de direccionar ataques contra a população.
Os crimes foram cometidos durante os ataques ás povoações de Kodoom, Bindsi, Mukjar, e Arawala no Darfur ocidental entre Agosto de 2003 e Março de 2004. A acusação centrou-se em alguns dos incidentes mais graves e indivíduos que,segundo as evidências, detém maior responsabilidade na perda de inocentes .

No início de 2003, Ahmada Harun foi nomeado para a chefia da “Pasta de Defesa de Darfur”. É de salientar que a maior parte das suas funções consistia no supervisionamento – e participação pessoal – no recrutamento, formação e armamento das milícias Janjaweed: forças que iriam atingir postariormente dezenas de milhares de militantes. Numa conferência Ahmad Harun afirma, na sua condição de representante da “Pasta de Defesa para Darfur” lhe foi concedida “todo o poder e autoridade para matar ou perdoar qualquer pessoa em Darfur, em nome da paz e da segurança”

O conflito envolveu ataques rebeldes ás instalações do governo sudanês em Darfur e a contra – insurreição levada a cabo pelo Governo contra os rebeldes. Nas povoações palco dos conflitos, os rebeldes não foram o alvo, contudo. Ao invés atacaram residentes e civis apenas, justificando o seu acto com suposições de serem apoiantes das forças rebeldes.

As evidências mostram, em diversas ocasiões que Ahmad Harun incita as milícias Janjaweed a levarem a cabo esses mesmos ataques. Por exemplo, no início de Agosto de 2003, antes do ataque a Mukjar, Harun discursou e defende firmemente a sua crença de que “desde que as crianças Fur se tornaram rebeldes, quer toda a etnia Fur quer as suas posses passam a ser agora propriedade das milícias”

Ali Kushayb comandou milhares de Janjaweeds em meados de 2003 no Darfur. As provas revelam que deu ordens para que as milícias e qualquer força armada vitimassem as populações civis através de pilhagens, assédio sexual, tortura e assassínios em massa, destruição de todas as infra estruturas, entre outros actos criminais.

A acusação dedicou recursos consideráveis a apurar e garantir a legalidade. Apesar das investigações no Sudão envolverem Ali Kushayb, estas não dizem respeito aos mesmos incidentes ou condutas que serão agora tema perante o Tribunal. Deste modo o caso é legítimo.

A câmara de ante Julgamento irá proceder a uma revisão das evidências. Caso o Juiz decida que as evidências são suficientemente sólidas para que se conclua que os indivíduos cometeram os alegados crimes, será definida a melhor forma de assegurar a comparência dos réus no julgamento.

Wednesday, February 28, 2007

Ambivalência mata : o fracasso das nações unidas na Bósnia



By Christopher Tuckwood


Um dos baluartes das NU é a neutralidade absoluta, a qualquer custo, de forma a mediar partes opostas num conflito. Isto faz sentido a princípio, mas a recusa absoluta de tomar partes levou as NU por um caminho perigoso: o da equivalência moral. Segundo este, ninguém está certo, ninguém está errado.. Para as NU nenhuma das partes num conflito é culpada, estas têm apenas que cessar a luta.

As NU estão, inclusivamente, hesitantes em declarar culpa em casos de genocídio.

Não há espaço suficiente para explicar o porquê das NU não cumprirem os seus objectivos, como tal, vou só dizer que não o cumprem.

A tolice da equivalência moral e, frequentemente, a apresentação deliberada de informação que induza a interpretações equívocas - e até falaciosa - pelas NU com o intento de evitar culpabilizar uma parte e tomar parte de outra é bem ilustrada por um exemplo:

Durante a guerra da Bósnia nos anos 90, a capital da Bósnia Sarajevo foi sujeita a um cerco terrível e os seus civis eram alvos específicos para as forças sérvias que atacavam das montanhas circundantes. Um artigo do Washington Post
na época dá a conhecer a carnificina. Refere ainda o mal afamado “Bread Line Massacre” (Massacre da Fila do Pão) no qual 18 pessoas foram mortas enquanto esperavam numa fila para comida.
Quando os investigadores das NU viram o site, rejeitaram a reportagem e recusaram culpabilizar os responsáveis por aqueles e outros incidentes, com receio que isso pudesse exaltar os Sérvios da Bósnia.

Em muitos outros casos, como bombardeamentos, as NU inclusive começaram a culpabilizar consistentemente o governo Bósnio de atacar a sua própria população e acusar os agressores Sérvios de modo a obter simpatia internacional.

Quando as NU deixam a sua neutralidade transformar-se em inércia ou, transposto ao exponente máximo, culpar as vítimas pelo seu próprio sofrimento, passa a figurar como cúmplice – directo ou indirecto – no assassínio, e até no genocídio.

Caso as NU abdiquem da sua obsessão por nivelar o "campo" entre o agressor e a vítima, e tomar parte de um dos lados ocasionalmente, há a possibilidade de que finalmente tenha algum sucesso na missão de salvar vidas algures no mundo.
A menos que as NU se comecem a impor e defender os fracos, estarão, brevemente, demasiado ocupado a tentar limpar o sangue das suas mãos desesperadamente para evitar caírem na irrelevância.


Darfur podia ter sido o ponto de viragem para as NU, mas a oportunidade para agirem e fazerem quaquer coisa realmente eficaz está a desvanecer-se depressa

Veredicto Contestado

O mais recente veredicto Tribunal Internacional de Justiça, estão a ser vítimas de uma forte onda de contestação no plano internacional. São muitos os que, indignados com a (não) resolução das NU, juntam a sua voz á causa Bósnia e expressam o seu descontentamento perante a inércia ou condescendência da orgãos de justiça da comunidade internacional.

Quer o estado, quer Slobodan Milosevic, Presidente durante a guerra falecido no ano passado durante o julgamento, tiveram responsabilidade no genocídio.
Milosevic recebe uma exoneração póstuma .

Não obstante, este é um julgamento deveras interessante, sendo que é a primeira vez na história que um estado - e não um individuo - foi julgado por genocídio.
Como foi feito não é claro ainda. A
Convenção para o Genocídio das Nações Unidas prevê que só indivíduos - e não estados - possam ser julgados por genocídio.

Somos, então, confrontados com mais um insucesso das NU em declarar culpados os criminosos e fazer justiça no mundo, junto ás populações vitimadas.

Sérvia ilibada de genocídio na Bósnia-Herzegovina


From : Reuters

O mais alto tribunal das NU ilibou a Sérvia, segunda feira 26 de Fevereiro, de responsabilidade directa pelo genocídio na Bósnia durante a guerra de 1992-95, mas reconheceu contudo que Belgrado violou a sua obrigação de prevenir e punir os assassínios massivos.

A Bósnia apelou ao Tribunal Internacional de Justiça para que decidisse se a Sérvia havia cometido genocídio através de assassínios, destruição e limpeza étnica que devastou a Bósnia durante a guerra.
Foi a primeira vez que um estado foi julgado por um crime de genocídio, contrariamente ao definido numa convenção das nações unidas em 1948.

A Presidente do Tribunal Internacional de Justiça , Juíza Rosalyn Higgins anuncia que o tribunal concluiu que o massacre de muçulmanos pelas Forças Sérvias da Bósnia em Srebrenica foi, de facto, um crime de genocídio, contudo o Estado Sérvio não podia ser responsabilizado pelo acto, ou por cumplicidade.
Um julgamento a favor da Bósnia podia permitiria o pedido de uma compensação de biliões de dólares à Sérvia .

“O Tribunal decreta por 13 votos contra 2 que a Sérvia não cometeu genocídio ” diz.

O tribunal decreta ainda que a Sérvia falhou, contudo, na prevenção de genocídio e punição dos criminosos. O outrora líder Bósnio Radovan Karadzic e o comandante Ratko Mladic, ambos acusados de genocídio em Srebrenica, saíram impunes.

Cerca de 8.000 muçulmanos de Srebrenica e arredores no este da Bósnia foram assassinados em Julho de 95. Os corpos de cerca de metade destes foram encontrados em mais de 80 sepulcros conjuntos nas redondezas.

A Juíza Higgins diz que a Sérvia falhou nas suas obrigações perante a Convenção de Genocídio, falhando na detenção de Mladic, apesar de este se encontrar escondido no país, e reforça que são necessárias medidas imediatas para o levar a julgamento no Tribunal para Crimes de Guerra das NU.
Um porta voz do Procurador Geral do TIJ disse que espera que o veredicto ajude a União Europeia a pressionara Sérvia a entregar Mladic para julgamento.

O Presidente Bósnio Boris Tadic afirma numa conferencia de imprensa dia 26 que o Tribunal deveria condenar o massacre de Srebrenica.
“A parte difícil do veredicto é que a Sérvia não faz tudo o que podia para prevenir o genocídio” disse.

A equipa legal da Sérvia diz que o Tribunal absolveu a Sérvia “da mais difícil acusação na sua história”, mas acrescenta: “Esperamos que este julgamento seja, um dia, uma oportunidade para a reconciliação dos povos da Ex-Jugoslávia”

Muçulmanos Croatas e Bósnios expressaram o seu descontentamento face ao julgamento da guerra em que mais de 100.000 pessoas perderam a vida. O Tribunal define que o pagamento de reparações à bósnia não seria apropriado.

“Faz-me chorar. Este veredicto não é solução. É um desastre para o nosso povo ” diz Fatija Suljic, 60, que perdeu o marido e três filhos em Srebrenica.
“Estou chocado. É terrível – vi com os meus próprios olhos quem começou esta guerra e quem manteve a violência. Foram os Sérvios” diz Heidja Krdzic, 34, que perdeu o marido, pai e avô em Srebrenica e depôs neste julgamento.

O tribunal para crimes de guerra das NU já acusou individuais culpados de genocídio em Srebrenica. A Bósnia usou provas desses processos para este julgamento contra a Sérvia.

Apoiados pelo exército Jugoslavo, os Sérvios capturaram 2/3 da bósnia e cercaram Sarajevo. 10.000 não-Sérvios foram mortos e centenas de milhares forçados a abandonar a sua pátria.

[ video ]

Balanço

O Holocausto nazi foi o genocidio que até hoje mais pessoas matou e mais a Humanidade afectou. O seu balanço é catastrófico, onde os Nazis não se limitaram apenas a matar Judeus, mas também povos que estavam no seu "espaço vital", como eslavos, polacos, ciganos...mesmo dentro dos alemães houve genocidio, onde se procuravam eliminar os considerados "degenerados", desde deficientes, idosos incapacitados, doentes mentais...pois "nenhum alemão poderia envergonhar a excelência da sua raça".
  • De 5 a 6 milhões de Judeus estimados, incluindo 3 milhões de Judeus polacos
  • 1.8 - 1.9 Milhões de Cristãos e outros Polacos não Judeus (a estimativa inclui os civis mortos em consequência da agressão e da ocupação Nazi, mas não inclui as vítimas militares da mesma agressão, ou as vítimas da ocupação soviética da Polónia oriental e das deportações para a Ásia central e Sibéria)
  • 200.000-800.000 de ciganos
  • 200.000-300.000 de pessoas portadoras de deficiências físicas ou mentais
  • 100.000 comunistas
  • 10.000-25.000 Homossexuais
  • 2.500-5.000 Testemunhas de Jeová

Sunday, February 25, 2007

O Holocausto Nazi

O Holocausto Nazi teve diversas características que, feitas por exame junto, o distinguem de outros
genocídios na história.
O Holocausto foi caracterizado pela tentativa eficiente e sistemática de uma escala industrial, de montar e matar tantos como povos como possível, usando todos os recursos e tecnologia disponíveis ao estado Nazi. A Alemanha era, então, uma das principais potências mundiais em termos da tecnologia, indústria, infra-estruturas, pesquisa, instrução, eficiência burocrática, e muitos outros campos. de facto, este país foi o primeiro a instaurar uma politica que legalizava o extremínio, nomeadamente em relação aos Judeus.
Além disso, o esforço considerável de expandir o curso do Holocausto encontrar meios cada vez mais eficientes de matar mais povos mais rápido, foi outra característica especial deste genocídio... Os assassinatos adiantados em massa por soldados alemães aos milhares de Judeus na Polónia, na Ucrânia, e na Bielorussia, alvejando, tinham realizado relatórios onde se mostrava desconfortabilidade e do desmoralização entre as tropas alemãs. Os comandantes tinham-se queixado aos seus superiores que as matanças cara a cara tiveram um impacto psicológico severamente negativo nos soldados. Decidido a destruir a população Judaica, o governo Nazi alemão decidiu-se por seguir métodos mais mecânicos, começando com as experiências em explosivos e em venenos.

O Holocausto era geograficamente difundido e conduzido sistematicamente e virtualmente em todas as áreas de território Nazi ocupado, onde os Judeus e outras vítimas foram alvos no que são agora 35 países europeus separados. A matança maciça estava no seu auge na Europa central e Oriental, que tiveram mais de 7 milhões de Judeus em 1939; aproximadamente 5 milhões foram mortos lá, incluindo 3 milhões na Polónia ocupada e cerca de 1 milhão na União Soviética. Outras centenas de milhares morreram também nos Países Baixos, na França, na Bélgica, na Jugoslávia, e na Grécia.
A evidência documentada sugere que os Nazis planearam realizar a sua “Solução Final” noutras regiões que fossem conquistadas, como o
Reino Unido e a república da Irlanda. O extermínio continuou em partes diferentes do território controlado pelos Nazis até o fim da segunda guerra mundial, só completamente terminado quando a Alemanha capitulou frente aos aliados em 1945.

Saturday, February 24, 2007

Chade


Excerto do “The Independent”

Fatuma Ahmed enterrou o seu bebé a noite passada. Na manhã seguinte, sob o sol ardente e a uma temperatura que rondava os 40ºC, todos os se lhe juntaram para prestar as suas condolências podem contar histórias semelhantes de sofrimento e dor. De como o seu pai, marido ou irmão foi morto. Como a sua mãe, mulher, irmã foram violadas. E todos eles sabem quem responsabilizar.


As mesmas milícias Janjaweed que têm devastado Darfur estão actualmente a levar a cabo investidas no vizinho Chade. Os residentes Árabes, que sempre coexistiram pacificamente com os conterrâneos não-Árabe, juntaram-se também eles ás milícias Janjaweed nos ataques aos civis. Esta insurreição está a ser alertada pelas NU como um outro possível genocídio.
Estes ataques decorrem paralelamente aos do Sudão. A vila de Fatuma foi totalmente arrasada pelas milícias árabes, que mataram os homens, violaram as mulheres e queimaram todas as casas. Consequentemente Fatuma, juntamente com outras 200 mulheres e crianças, iniciaram-se na longa demanda da segurança. Passados alguns meses, quatro homens a cavalo tornaram a atacá-las. Fatuma, então com uma gravidez avançada foi atirada ao chão e espancada violentamente. Para o seu bebé, Fatimi, eram quase nulas as hipóteses de sobrevivência. E assim foi. Aos dois meses de vida a criança pereceu.

Á medida que a mortandade aumenta no Chade, as agências humanitárias a trabalhar no terreno reforçam a necessidade urgente do envio de tropas. Uma equipa técnica das NU, depois de estar no Chade para avaliar a situação, recomendou o envio de uma força de seis batalhões, 6.000 homens, para cessar a violência.
Oficialmente, mais de 120.000 Chadianos foram deslocados de suas terras devido a violência, e este número quadruplicou nos passados nove meses. A designação “deslocados” não reflecte o horror que as milícias janjaweed infligiram, homens armados a atacar vilas, queimar casas, violar mulheres e atirar os seu bebés para o fogo.
O gado, os cavalos os burros : tudo roubado. As colheitas estão desfeitas. Tudo o que outrora eles criaram e foi seu foi roubado e destruído. E eles levados de suas terras, terra onde os seus pais, avós e bisavós nasceram. Refugiam-se nos campos de refugiados providenciados pelas NU, o mais seguro refúgio disponível. Estes encontram-se sobrelotados e no limite da sua capacidade. Os número de refugiados recém chegados não para de aumentar, e vão-se criando “aldeias”, em que vivem em condições precárias junto aos campos de refugiados. Os recursos naturais escasseiam e a dificuldade em providenciar água é a que mais preocupa os técnicos. A procura de novas fontes para obter água não cessa, mas é uma das regiões mais difíceis de encontrar água.
Numa das áreas onde há uma maior afluência de refugiados, também ela já devastada pelos Janjaweed, e onde há uma grande concentração de membros de organizações de ajuda humanitária, o medo prevalece. Nem assim se sentem seguros. O líder espiritual da região, o sultão de Darsilia, que recentemente estabeleceu uma tentativa de paz com as forças atacantes em que não foi bem sucedido, presta declarações.
“ Esta é uma região de grande diversidade cultural. Aqui coexistem 11 tribos Árabes diferentes, que coexistiam mutuamente, e com toda uma panóplia de tribos não-árabes. Viveram juntas, casaram-se entre elas. Ninguém discriminava ninguém. Tínhamos uma história, uma cultura e uma economia comuns.
Não é uma questão de princípios. É uma questão política. E quando se trata de política as estruturas de liderança tradicionais perdem toda a sua autoridade. Os confrontos são, igualmente, pelos recursos: pela falta deles. Sempre existiram rivalidade em torno disso mas chegámos a um ponto sem retorno, em que a situação está fora de controlo“

Teme-se que a situação chegue a extremos como no vizinho Sudão, mas poucas pessoas conseguem oferecer soluções. São comunidades que coexistiram pacificamente durante décadas, proliferaram juntas e que agora estão a virar-se umas contra as outras. Estamos na eminência de atingir um ponto sem retorno. É urgente que medidas sejam tomadas imediatamente .
As populações não tem meios para se defender. Os grupos de auto defesa vão proliferando nas aldeias, mas as discrepâncias são profundas. As milícias Janjaweed estão armados com Kalashnikovs, M14s e G3s. As tribos têm arcos, flechas e lanças.
O que têm em falta em artilharia, é lhes compensado em determinação. Abdul Karim afirma ter morto com o seu arco 10 guerrilheiros e esta fortemente determinado a faze-lo quantas vezes for necessário. “Lutaremos com estes arcos” disse.

E assim é, porque até que haja na comunidade internacional consenso para o envio de tropas, e as enviem efectivamente, os civis do Chade não tem ninguém mais a quem confiar a sua defesa senão a Homens como Abdul com os seus arcos e flechas.

Condições precárias

Sob o sol ardente do deserto, os escombros de uma vila, Bandala, jazem desordenados.
Outrora lar de centenas de pessoas, não é mais do que pedras soltas, potes partidos e cinza, soterrados na areia. Ocasionalmente há sinais da vida que as pessoas levaram ali: um sapato abandonado, o resto de uma embalagem de bolachas na brisa poeirenta.
A devastação é evidente. Tudo nesta vila foi destruído e incendiado, e há muito que a população partiu.
Bandala é apenas uma das dezenas de vilas na fronteira do Chade apanhadas pela insurreição e pelo arrasador conflito inter-étnico entre Árabes e Africanos. A violência e os ataques ultrapassam a fronteira do Sudão e ameaçam os países vizinhos. A cada dia mais e mais pessoas sofrem no Chade o violento conflito, e a situação está a tomar proporções desmesuradas.
Não são só as milícias Sudanesas que atravessam fronteiras atrás dos refugiados. É o espectro de morte e xenofobia que lhes está incutido e assola as populações outrora pacíficas dos países vizinhos. Surgem já milícias Chadianas, de civis que adoptam a ideologia e transportam o conflito para o seu território, pegando em armas contra os seus conterrâneos, com quem sempre coexistiram pacificamente.

A situação torna-se alarmante. A afluência de refugiados Darfurianos é imensa, e agora também milhares de nacionais se vêem obrigados a procurar asilo nos campos de refugiados, numa batalha constante pela segurança e sobrevivência e segurança, e porque as suas vilas foram destruídas.
A ajuda internacional é insuficiente, os meios escassos: e explorados até ao limite das suas capacidades. Ainda assim, em breve, as necessidades mais básicas dos refugiados podem deixar de conseguir ser mantidas pela ajuda humanitária.
As adversidades climáticas e a escassez de recursos, com especial destaque para a água, conjugado com o espectro de morte e destruição, o terror e a eminência de ataques violentos, tornam as condições de vida desses refugiados extremamente precárias e colocam o Chade nas prioridades das NU, que temem uma insurreição e uma expansão do conflito a toda a região, com uma magnitude em que se tornará quase impossível controlar.
Discute-se o reforço da defesa pelas forças de intervenção humanitária no Chade, para a contenção da expansão do conflito.

Proliferação do conflito no Chade

Os ataques a civis e organizações de ajuda humanitária intensificaram-se na fronteira entre o Chade e Darfur, á medida que a violência de Darfur prolifera agora nos vizinhos países africanos.
Esta dispersão leva as NU a considerar uma nova, e pertinente, opção: dada a falta de sucesso na proposta de enviar apoio humanitária para o Sudão, será feita uma tentativa de enviar mais de 10 000 homens para a fronteira do Chade.
Milhares de Darfurianos partiram para o Chade em fuga ao conflito ateado pelo Governo. Mas não foram os únicos. Também ambas as milícias Janjaweed atravessaram fronteiras e os grupos rebeldes – deixando um rasto de destruição que devastou já Darfur.
O grupo de ajuda britânico Oxfam afirmou recentemente que com a intensificação e transposição dos ataques para fora das fronteiras do Sudão “ está a transformar as rivalidades tradicionais num conflito maior, um circulo vicioso, em que os grupos opostos estão mais organizados, equipados e numerosos. Note-se o conflito étnico e os ataques a populações e vilas deles derivados, mesmo internacionais, estão a ser levados com impunidade.”
O Chade apoiou a rebelião de Darfur sem o consentimento do governo Sudanês. Até agora nenhum dos campos de refugiados foi atacado, mas as vilas envolventes tem sido dizimadas. É impossível definir exactamente quantos ataques são directamente dirigidos por forças sudanesas, mas a violência eleva-se actualmente a uma magnitude nunca antes conhecida no Chade. Daí a possibilidade de protecção pela comunidade internacional no Chade, aos civis e refugiados.
O exército do Chade já está actualmente a trabalhar para a defesa dos refugiados, mas recentemente teve que suspender essa actividade e centrar toda a sua acção defesa das fronteiras. A visão do que se avizinha não é a melhor, pois a estação das chuvas sazonais e as adversidades climáticas nela incutidas tornarão ainda mais difícil os trabalhos das instituições humanitárias na área e as condições de vida ainda mais precárias.
Este mês o Chade, o Sudão e a Republica Central Africana assinaram um pacto em que se comprometem a não suportar os movimentos armados rebeldes nos territórios entre eles.

Recusa das forças das NU


No início deste mês o Presidente Bashir rejeitou o envio de tropas para garantir a paz em Darfur pelas NU.
Defendeu firmemente que só as tropas da União Africana são responsáveis pela manutenção da paz, e que as forças das NU estão no terreno apenas para providenciar suporte logístico, financeiro, e técnico para assegurar os meios que permitam à UA desempenhar a sua função.

Face a esta recusa ao envio de forças de intervenção humanitária, para estabelecer a paz e proteger a população, a comunidade internacional revela-se impotente, tendo que condescender perante um genocídio como tantos outros, ao qual, como de tantas outras vezes, assistirá impavidamente, sem contribuições suficientemente significativas para marcar a diferença ou inverter o rumo da situação.

Pergunto-me se não será legítimo que, perante situações extremas, se reduza a soberania estatal em prol de uma soberania superior: internacional, que possa actuar sem restrições para uma eficaz manutenção da paz e controlo dos conflitos.
Note-se que seria uma medida a adoptar em situações extremas, nunca podendo ser usada como pretexto para levar a cabo uma invasão e subjugação de um estado, nem como argumento para iniciar uma “guerra justa”, como já testemunhamos em situações anteriores.
A soberania estatal é uma das maiores entraves à intervenção internacional e humanitária. Mas a comunidade internacional não pode tolerar situações de massivas violações dos mais básicos Direitos do Homem, barbáries incalculáveis, e assistir impotente, quando efectivamente dispõe de meios para culminar com isso.
No decorrer da História são imensos os casos em que assim sucedeu. A acção foi inexistente. Mas a comunidade internacional desenvolveu meios de luta e prevenção ás situações de genocídio. Contudo estas não se mostraram eficazes. Não servindo de exemplo o passado estas situações repetem-se e proliferam, e os seus custos humanitários são elevadíssimos. Apesar de todo um notável progresso - a criação das estruturas da comunidade internacional para actuar nestas crises, não podemos encarar isso com leviandade.
Porque a cada minuto que passa é tarde demais. São vidas que estão implicadas, e não valores abstractos. Vidas que se perderam ás mãos de outrem enquanto lia este texto, como se perdem muitas outras diariamente.
E tudo isto podia ser evitado.