Wednesday, February 28, 2007

Ambivalência mata : o fracasso das nações unidas na Bósnia



By Christopher Tuckwood


Um dos baluartes das NU é a neutralidade absoluta, a qualquer custo, de forma a mediar partes opostas num conflito. Isto faz sentido a princípio, mas a recusa absoluta de tomar partes levou as NU por um caminho perigoso: o da equivalência moral. Segundo este, ninguém está certo, ninguém está errado.. Para as NU nenhuma das partes num conflito é culpada, estas têm apenas que cessar a luta.

As NU estão, inclusivamente, hesitantes em declarar culpa em casos de genocídio.

Não há espaço suficiente para explicar o porquê das NU não cumprirem os seus objectivos, como tal, vou só dizer que não o cumprem.

A tolice da equivalência moral e, frequentemente, a apresentação deliberada de informação que induza a interpretações equívocas - e até falaciosa - pelas NU com o intento de evitar culpabilizar uma parte e tomar parte de outra é bem ilustrada por um exemplo:

Durante a guerra da Bósnia nos anos 90, a capital da Bósnia Sarajevo foi sujeita a um cerco terrível e os seus civis eram alvos específicos para as forças sérvias que atacavam das montanhas circundantes. Um artigo do Washington Post
na época dá a conhecer a carnificina. Refere ainda o mal afamado “Bread Line Massacre” (Massacre da Fila do Pão) no qual 18 pessoas foram mortas enquanto esperavam numa fila para comida.
Quando os investigadores das NU viram o site, rejeitaram a reportagem e recusaram culpabilizar os responsáveis por aqueles e outros incidentes, com receio que isso pudesse exaltar os Sérvios da Bósnia.

Em muitos outros casos, como bombardeamentos, as NU inclusive começaram a culpabilizar consistentemente o governo Bósnio de atacar a sua própria população e acusar os agressores Sérvios de modo a obter simpatia internacional.

Quando as NU deixam a sua neutralidade transformar-se em inércia ou, transposto ao exponente máximo, culpar as vítimas pelo seu próprio sofrimento, passa a figurar como cúmplice – directo ou indirecto – no assassínio, e até no genocídio.

Caso as NU abdiquem da sua obsessão por nivelar o "campo" entre o agressor e a vítima, e tomar parte de um dos lados ocasionalmente, há a possibilidade de que finalmente tenha algum sucesso na missão de salvar vidas algures no mundo.
A menos que as NU se comecem a impor e defender os fracos, estarão, brevemente, demasiado ocupado a tentar limpar o sangue das suas mãos desesperadamente para evitar caírem na irrelevância.


Darfur podia ter sido o ponto de viragem para as NU, mas a oportunidade para agirem e fazerem quaquer coisa realmente eficaz está a desvanecer-se depressa

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