Monday, February 19, 2007

O Genocídio no Século XX

A prática do crime de genocídio é tão antiga como a própria humanidade que chega a confundir-se com ela. A ideia de exterminar um grupo diferente é inerente á condição humana, reflexo do seu mais profundo egoísmo.
Passo a descrever, muito sucintamente, alguns dos mais significantes genocídios do século XX, século em que maior avanço se conheceu a civilização e não obstante o mais assassinode que há memória.


Hereos, 1904
A sucessiva ocupação de terras aráveis pelos colonos alemães desencadeia uma revolta dos Hereos em 12 de Janeiro de 1904. A repressão das tropas alemãs foi brutal.
Escorraçados para o deserto de Omaheke, foram condenados a morre a fome e à sede depois de o exército liderado por von trohta ter envenenado as fontes.
Apesar dos violentos protestos na Alemanha contra a violência das tropas coloniais, a perseguição aos Hereos continuou e em 1911 sobreviviam apenas 15 mil, na sua maior parte mulheres e crianças.
A existência dos Hereos e a sua identidade cultural extinguiram-se

Ucrânia, 1932/33
A colectivização dos campos decretada por Estaline encontrou nos camponeses ucranianos (kulaks) fortíssima resistência. Classificados como “inimigos da classe” e “contra revolucionários”, os camponeses foram alvo de sucessivas perseguições e depois de falhar o objectivo de produção da campanha de 1932, os armazéns de cereais foram esvaziados e as aldeias cercadas.
No Inverno de 1932 a fome instala-se e vitima entre 5 a 7 milhões de pessoas.

Crimeia e Volga, 1941
Com a abertura da frente Leste pelo exército alemão no decorrer da segunda guerra mundial, Estaline decreta a deportação dos alemães do Volga e dos povos localizados em áreas estratégicas que, manifestamente, se tinham oposto ao reforço do regime. Cinco milhões de Alemães, Tchechenos, tártaros e inguches foram levados á força para as estepes geladas da Sibéria ou para a Ásia Central. Não se sabe ao certo quantos pereceram.

Alemanha, 1933/45
De início, o regime nazi preocupou-se apenas em depauperar os 600 mil judeus alemães. Em 1941, os 3000 homens dos esquadrões da morte, assassinaram entre um a dois milhões de Judeus.
Como a sua capacidade se mostrou insuficiente para liquidar os 11 milhões de Judeus na Europa, o número dois das SS concebeu a solução final, que matou mais de três milhões de Judeus.

Indonésia, 1965
Em seis meses contados a partir de Outubro de 1965, entre 250 mil a meio milhões de pessoas, na esmagadora maioria militantes do Partido Comunista da Indonésia (PKI), foram assassinadas. O PKI, na época o maior do mundo ocidental, tinha garantido a participação política com 16,4 % dos votos nas eleições de 1954, mas um golpe militar travou-lhe o caminho. Foi este episódio que levou o linguista Noam Chomsky a invocar um “arquipélago de sangue” como contraponto ao ocidental gulag comunista.

Burundi, 1972
Uma revolta de maioria Hutu a 29 de Abril provocou entre 2000 a 3000 mortos entre a população Tutsi, que controlava o poder. No dia seguinte, o presidente decreta a lei marcial e até ao final do verão desse ano uma vaga de terror provoca entre 100 a 200 mil mortos na etnia rival.
Todos os intelectuais hutus foram assassinados ou exilados para os países vizinhos.

Camboja, 1975/79
Depois dos bombardeamentos norte-americanos terem provocado mais de 150 mil vítimas no conflito do Vietname, o Camboja tornou-se num imenso campo de morte com a subida ao poder do Khmer Rouge de Pol Pot. Em quatro anos 20% da população (1,7 milhões de pessoas) sucumbiu aos trabalhos forçados, á fome e às doenças.
A utopia de Pol Pot era recriar a grandiosidade de Camboja medieval á custa so sacrifício colectivo.

Ex-Jugoslávia., 1991/96
Os eruditos discutem ainda sobre os conflitos na ex-Jugoslávia, e se são ou não enquadráveis nas práticas convencionadas de genocídio, mas mesmo que possa subsistir dúvidas no processo general, há evidentes episódios que entram nesta categoria.
São os casos da expulsão e mortes confirmadas contra grupos étnicos diferentes na Bósnia, Eslavónia e Krajina. Num conflito que deixou cerca de 326 mil vítimas, estão ainda por separar os custos directos das perseguições étnicas e da guerra civil .

Curdistão, 1919/99
O conflito com a Turquia, o Irão e o Iraque custou milhões de vidas ao longo do século. Mas está por provar que esta guerra de guerrilha seja no seu todo considerada como um acto de genocídio. Falta a premeditação que leva um grupo a procurar a destruição parcial ou total do outro. À margem dos conceitos e da terminologia, os bombardeamentos com gás venenoso feitos pelos iraquianos, por exemplo, revelam uma clara atitude genocida.

Ruanda, 1994
Depois de uma insurreição falhada em 1959/62, os filhos dos tustsis ruandeses que se tinham refugiado no Uganda invadem o seu país de origem. Os hutus, 85% da população organizam a defesa e em 1992 dispunham já de um complexo aparelho de extermínio. O assassínio do primeiro presidente hutu do vizinho Burundi, Malchior Ndadaye em 1993, e a morte do presidente ruandês, em 1994, desencadeiam o processo: em menos de três meses 700 mil tutsis foram chacinados.

Timor, 1975/79
Em Janeiro de 1975, o regime indonésio, com a cumplicidade dos EUA e da Austrália, decide invadir o território. A brutal “Operasi Komodo” é desencadeada a 7 de Desembro. Ate que as primeiras testemunhas independentes possam entrar no território, em 1979, calcula-se que 200 mil timorenses tenham sido mortos. As atrocidades indonésias só entraram nos debates da comunidade internacional depois do massacre de Santa cruz, em Novembro de 1991.

China
A destruição sistemática de cultura tibetana não costuma constar nos anais do genocídio do século. Ainda na china não entraram nos actos de genocídio os fuzilamentos em massa perpetrados na sequência da invasão japonesa nos anos 30. O objectivo, no entanto, era o aniquilamento dos chineses e coreanos, considerados “inferiores” pelas forças invasoras.
No massacre de Naking, em finais de 1937, 300 mil pessoas foram assassinadas a frio .


Comments :

Anónimo:
"Ruanda, 1994
Depois de uma insurreição falhada em 1959/62, os filhos dos tustsis ruandeses que se tinham refugiado no Uganda invadem o seu país de origem. Os hutus, 85% da população organizam a defesa e em 1992 dispunham já de um complexo aparelho de extermínio. O assassínio do primeiro presidente hutu do vizinho Burundi, Malchior Ndadaye em 1993, e a morte do presidente ruandês, em 1994, desencadeiam o processo: em menos de três meses 700 mil tutsis foram chacinados."Embora me cnsidere um ignorante na materia,considero este triste acontecimento como dos mais reveladores da fraca chefia que nos vem a ser concedida em meios internacionais que no momento da acção cruzam os braços e sentam-se a mesa em discuçoes burocraticas que nao levam a lado nenhum. O que se passou em Ruanda é hj, sem sombra de duvidas, mais um dos genocidios da historia mundial, mas o que é certo é que no momento em que tudo acontecia nao foi considerado como tal e os apoios falharam, e pessoas morriam enquanto liders de fato e gravata discutiam a possivel ajuda. Este é mais um dos episodios da historia que nos dizem termos os meios, mas nao os utilizarmos, para quê tanto apoio aos meios de intervençao internacionais se no fundo sao eles os culpados por episodios como este atingirem tais repercussoes?
Peço desculpa pela minha falta de conhecimento sobre materia, mas o pouco que sei indigna-me e da-me vontade de gritar o que penso.
(o cenario do genocidio em ruanda esta bem representado no filme shooting dogs, se tiverem oportunidade, aconselho a verem)



1 comment:

Anonymous said...

"Ruanda, 1994
Depois de uma insurreição falhada em 1959/62, os filhos dos tustsis ruandeses que se tinham refugiado no Uganda invadem o seu país de origem. Os hutus, 85% da população organizam a defesa e em 1992 dispunham já de um complexo aparelho de extermínio. O assassínio do primeiro presidente hutu do vizinho Burundi, Malchior Ndadaye em 1993, e a morte do presidente ruandês, em 1994, desencadeiam o processo: em menos de três meses 700 mil tutsis foram chacinados."

Embora me cnsidere um ignorante na materia,considero este triste acontecimento como dos mais reveladores da fraca chefia que nos vem a ser concedida em meios internacionais que no momento da acção cruzam os braços e sentam-se a mesa em discuçoes burocraticas que nao levam a lado nenhum. O que se passou em Ruanda é hj, sem sombra de duvidas, mais um dos genocidios da historia mundial, mas o que é certo é que no momento em que tudo acontecia nao foi considerado como tal e os apoios falharam, e pessoas morriam enquanto liders de fato e gravata discutiam a possivel ajuda. Este é mais um dos episodios da historia que nos dizem termos os meios, mas nao os utilizarmos, para quê tanto apoio aos meios de intervençao internacionais se no fundo sao eles os culpados por episodios como este atingirem tais repercussoes?

peço desculpa pela minha falta de conhecimento sobre materia, mas o pouco que sei indigna-me e da-me vontade de gritar o que penso.

(o cenario do genocidio em ruanda esta bem representado no filme shooting dogs, se tiverem oportunidade, aconselho a verem)