Saturday, March 3, 2007

Uma Nova Esperança para Darfur ?


Entre os vastos bancos de areia, no leito seco de um rio em Darfur, mais de 100 comandantes das forças rebeldes e chefes tribais juntaram-se na esperança de um ponto de viragem definitivo no desastre humanitário de Darfur: a possibilidade de um acordo de unificação entre as diferentes facções rebeldes – um passo para futuras e mais bem sucedidas conversações de paz com o governo.

O Governo Sudanês fez tudo o que esteve ao seu alcance para desencorajar que a conferência de unificação se realizasse efectivamente: bombardeou os anteriores lugares em que supostamente se teriam encontrado os líderes rebeldes e fez abordagens directas a alguns deles para os destituir da ideia da unificação ou da comparência na reunião.
Mas os rebeldes das várias facções do Exercito para Libertação Sudanesa, garantem que nada poderá dissuadi-los das suas intenções desta vez.

Acampados em localização desconhecida, perto de um local chamado Wadi Anka, enquanto esperam que a conferência formal se inicie esta semana, os líderes rebeldes estão determinados a unificar-se com os seus rivais políticos e militares, num primeiro passo para novas conversações de paz com o governo.

“ Já fizemos tentativas semelhantes anteriormente, mas esta é a primeira em que estamos realmente empenhados em relação a isto” afirma Saleh Adam Itzahk, um ancião, líder rebelde da zona nordeste das montanhas Jebbel Midob em Darfur, a vasta região árida do Sudão.

“ A guerra arrasta-se devido á desunião rebelde.” Acrescenta “ E fomos enganados quanto aos nossos direitos em relação á unificação demasiadas vezes”

A conferência do Exército para a Libertação Sudanesa (ELS) tem como primordial objectivo evitar outro fracasso semelhante ao do tratado de paz assinado Maio passado em Abuja, Nigéria, pelo governo Sudanês e um dos líderes rebeldes – sob tremenda pressão internacional.

O incontestável líder máximo dos rebeldes, Abdelwahid Elnur, recusou esse tratado de Maio. Apesar de muitos no ELS contestarem actualmente a sua autoridade, a grande maioria dos rebeldes e civis rejeitaram igualmente o tratado de paz. Alegaram que este garantia compensações insuficientes para os refugiados e alertava ainda para o facto de não oferecer qualquer garantia real de que o governo sudanês iria controlar e desarmar as milícias janjaweed quando os rebeldes depusessem armas.
Em parte por causa disso o caos e violência só pioraram em Darfur nos tempos recentes, com novos ataques do governo e das milícias Janjaweed aos rebeldes, e grupos de ajuda humanitária progressivamente menos capazes de ajudar os refugiados.
Jar al-Naby, porta voz do ELS e comandante dos rebeldes no campo de batalha, defende que os rebeldes não tem mais confiança na União Africana, que violou os acordos de Abuja.

Relativamente aos 7.000 homens das forças para a manutenção da paz das NU em Darfur, mostraram-se incapazes de trazer consistência e fazer cumprir o acordo, e cada vez mais são ineficientes no cumprimento das suas tarefas devido ás mas condições, as insuficiências endógenas latentes e ao clima crescente de insegurança e violência que se agrava e perante o qual são impotentes.
Contudo, o Governo em Khartoum rejeitou a resolução do Conselho de Segurança das NU de substitui-los por 22.000 .
“Queremos que as NU actuem como mediador e que as suas tropas venham para o terreno” afirma Al-Naby
O chefe rebelde que assinou previamente o acordo de Maio, Minni Minawi é “scorned” aqui “ A comunidade internacional deve reconhecer que representamos a esmagadora maioria de Darfur” acrescenta Al-Naby

Os peritos asseguram que o Governo Sudanês armou e organizou os Janjaweed: mas actualmente põe-se a hipótese de estar a perder o controlo da situação devido a lutas internas entre os membros das milícias: centenas de nómadas morreram nas lutas internas afirmam as NU.

Os líderes do ELS reforçam que, desta vez, o Governo não tem outra hipótese senão renegociar os tratados de paz.

O tempo escasseia.
Perante a inércia das NU serão estes dois factores – unificação dos rebeldes e disputas internas nas milícias janjawed – o renascimento da esperança para Darfur ?

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